sábado, 25 de junho de 2011

A Função do brincar

          A criança que não teve um bom vínculo inicial com sua mãe, não teve as condições iniciais básicas para o seu desenvolvimento psíquico, cognitivo e afetivo, pois é através do espaço de confiança que se estabelece entre o bebê e a sua mãe na fase inicial do desenvolvimento, que a criança pode atingir o estágio de individuação, à medida que retém em sua memória um acervo de experiências positivas e negativas, gratificantes ou não, desenvolve sua capacidade de suportar certa dose de frustração, criando um espaço para estabelecimento das funções simbólicas, fruto de suas fantasias conscientes e inconscientes. É um ambiente continente e acolhedor que proporcionará à criança condições para lidar com seus impulsos agressivos e amorosos. É nesta troca afetiva e amorosa que se constituirá com ser humano. Portanto: “Neste percurso irá integrando pouco a pouco aspectos de si mesma e do outro em sua personalidade. Este é um processo constante e contínuo, dualístico, no sentido de que sentimentos contraditórios com relação a si e ao outro fazem parte de sua estrutura psicológica”. (SCOZ,1992, p. 48)
            O brincar na infância possibilita o resgate de espaço inicial, desta forma a criança pode sentir, viver e reviver toda a experiência inicial de relação, consigo e com o mundo exterior, sendo então possível o desenvolvimento do conhecimento e a sua inserção na cultura de seu tempo.
            Segundo Winnicott (1966, apud Duarte, 2001, p. 88) o brincar exerce funções relevantes:
Para ele: 1º as crianças  têm prazer em todas as experiências de brincadeira física e emocional; 2º a criança aprecia concluir que seus impulsos coléricos ou agrassivos podem ser expressados sem o retorno do ódio e da violência do meio para com ela; 3º as crianças brincam para dominar angústias, controlar idéias  ou impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados; 4º as personalidades infantis evoluem através de suas próprias brincadeiras e das invenções de brincadeiras feitas por outras crianças e por adultos; 5º a brincadeira fornece uma organização para as relações emocionais, propiciando o desenvolvimento de contatos sociais; 6º a brincadeira, o uso de formas e artes e a prática religiosa tendem, por  métodos diversos, mas aliados,à unificação da personalidade. As brincadeiras servem de elo  entre a relação do indivíduo com a realidade interior e entre o indivíduo e a realidade externa ou compartilhada. As brincadeiras, tal como os sonhos, servem à função de auto-revelação e de comunicação com nível profundo, inconsciente.

            Ainda, nos estudos do mesmo autor (1975), encontra-se referência sobre a importância do brincar para criança como forma de resolução de problemas emocionais que fazem parte do desenvolvimento infantil, o que torna fundamental o espaço do brincar no trabalho educativo e na intervenção terapêutica, no sentido de ajudar a recuperar o desejo, a autonomia no exercício da inteligência, para um desenvolvimento sadio e criativo, onde o sujeito possa descobrir um modo real de existir, de relacionar-se consigo, com o outro e com o meio.

Trecho do Trabalho Monográfico apresentado à  FAPA/POA como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopedagocia Clínica e Institucional - aluna Neusa Maria Carvalho - ano 2003 - professor orientador Pedro Canísio Standt.


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