sexta-feira, 24 de junho de 2011

Educação e Infância


A tarefa de educacional delegada às instituições escolares pela família, conforme  concepção da legislação atual: Constituição de 88, Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB e demais Diretrizes Educacionais vigentes, passa por uma capacidade de a instituição escolar atender a todos, buscando estratégias para harmonizar as diferenças entre os pares e diferenças familiares para que seja possível a inserção da criança na cultura de seu tempo, de forma que possa desenvolver-se interagindo com o meio; transformando-se, adaptando-se e, por outro lado, sendo agente transformador da cultura social local e global.
 Os Estudos Culturais enfatizam uma permeabilidade entre as instituições, destacando a forma envolvente pela qual a pedagogia cultural está presente na vida de crianças e jovens, não podendo ser simplesmente ignorada por qualquer teoria contemporânea do currículo. Ampliando a gama de matizes e formas que complexificam o currículo escolar e a tarefa educativa dos dias atuais. “O que caracteriza a cena social e cultural contemporânea é precisamente o apagamento das fronteiras entre instituições e esferas anteriormente consideradas como distintas e separadas.”
O currículo é visto muito além de uma grade curricular e lista de conteúdos, pois ele é aquilo que a sociedade deseja preservar, permitir, possibilitar, expandindo as perspectivas que o restringem as legadas pelas categorias tradicionais; de forma que todo conhecimento dependa de significação, e esta significação dependa das relações de poder. “O currículo é um aparelho ideológico do Estado capitalista. O currículo transmite a ideologia dominante. O currículo é, em suma, um território político.”
Neste enfoque trazemos o conceito da autora Shirley de “kindercultura” denominação dada para a indústria cultural voltada para o público infantil. Onde podemos pensar nos instrumentos de formação da identidade infantil, a partir de personagens do mundo do cinema, do mercado tanto da indústria de brinquedos, quando da indústria do vestuário, como da indústria de alimentação, buscando a compreensão dos comportamentos da infância (normalidades e patologias) e das dificuldades encontradas pelas instituições educativas como um todo, bem como, da ação individual do educador  no desenvolvimento de suas atividades e interação com o sujeito criança e com a família.
            Nas obras de Platão, que tratam sobre educação, as crianças são pequenos seres a serem educados, para que se tornem adultos; em outros autores – Rosseau e Kant – encontramos a concepção de “adulto em miniatura”, “adulto em potência” - seres que se transformarão pela educação. Então, percebemos a partir dos Estudos Culturais que as representações de infância construídas pelo mundo adulto estão estreitamente entrelaçadas com o contexto sócio cultural de cada grupo e de cada comunidade. Sendo as disciplinas escolares criadas a partir da cultura, não uma cultura na concepção elitista, uma cultura do belo, mas uma cultura de relação de poder e de manutenção da ordem social vigente, estabelecida como padrão da sociedade.
            Assim, se queremos buscar o desenvolvimento da tarefa educativa dentro do que chamaríamos de função primordial da educação – ser feliz como sociedade e como indivíduos - precisamos estar atentos à cultura local das comunidades, bem como da cultura e modelos sociais, transmitidos e inculcados através das Tecnologias de Comunicação, do modelo de consumidor e de consumo, onde a criança passa a internalizar valores capitalistas e de mercado, esquecendo-se de sua essência humana, bem como dos valores essenciais para convivência social e sustentabilidade das próximas gerações.
Fontes de consulta:
Textos de leitura obrigatória da Disciplina Estudos Culturais - Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação: Espaços e Possibilidades para a Educação Continuada – Modalidade a Distância – CPEaD - Pólo de Apoio Presencial de Balneário Pinhal/RS.

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