Entro em uma loja a procura de objetos para compor uma imagem, uma imagem que possa falar de subjetividades, foco as caixas. Penso nas caixas em que colocamos nossos guardados reais: presentes recebidos, roupas especiais, joias; enfim diferentes relíquias pessoais que quando visualizamos, ao abrir estas caixas reais, nos defrontamos com as caixas subjetivas, aquelas que pertencem ao mundo das memórias. Em segundos viajamos no tempo, revivendo momentos de imensas alegrias, sentimos o perfume dos outros que fizeram parte destes momentos. Assim, ao construir nossa “obra de arte” a fazemos como uma forma viva, imersa num campo de força e energia que pertencem à vida, que alimenta a alma. Nossos objetos, nossas roupas, enfim nosso corpo revela o interior oculto, os valores que cultivamos e os desejos que alimentamos, bem como aos rituais da vida que reproduzimos como forma de dar vida aos sonhos.
“É quando o corpo a corpo com uma obra (proposição, objeto, ação) nos faz perceber que aquilo que vive nela ressoa com algo que vive em nós. Um delicado ou estrondoso acontecimento de corpos pode nos mostrar coisas sobre „isso‟, sobre essa matéria com a qual se configuram as formas: tanto formas estéticas como formas subjetivas.” (Trecho extraído do Texto: Formação, Estética, Saber, Subjetivação, Contemporaneidade de Cyntia Farina)
Caixas, guardados... revelam minhas caixas de alegrias, amigos e afetos, trabalhos realizados, conquistas alcançadas, obras de arte pessoais, o vestido bordado, a renda produzida - com a arte familiar - desejos realizados, lembranças que aquecem o coração, nos constroem para o enfrentamento do cotidiano, das mudanças, pois trazem a certeza de quem somos, dos desejos maiores e dos valores que cultivamos; plantamos o fortalecimento da família e vamos construindo novas caixas; reais e emocionais, para poder vivenciar e guardar momentos de prazer e alegria.
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