quarta-feira, 29 de junho de 2011

Caixas, guardados...



Entro em uma loja a procura de objetos para compor uma imagem, uma imagem que possa falar de subjetividades, foco as caixas. Penso nas caixas em que colocamos nossos guardados reais: presentes recebidos, roupas especiais, joias; enfim diferentes relíquias pessoais que quando visualizamos, ao abrir estas caixas reais, nos defrontamos com as caixas subjetivas, aquelas que pertencem ao mundo das memórias. Em segundos viajamos no tempo, revivendo momentos de imensas alegrias, sentimos o perfume dos outros que fizeram parte destes momentos. Assim, ao construir nossa “obra de arte” a fazemos como uma forma viva, imersa num campo de força e energia que pertencem à vida, que alimenta a alma. Nossos objetos, nossas roupas, enfim nosso corpo revela o interior oculto, os valores que cultivamos e os desejos que alimentamos, bem como aos rituais da vida que reproduzimos como forma de dar vida aos sonhos. 

“É quando o corpo a corpo com uma obra (proposição, objeto, ação) nos faz perceber que aquilo que vive nela ressoa com algo que vive em nós. Um delicado ou estrondoso acontecimento de corpos pode nos mostrar coisas sobre „isso‟, sobre essa matéria com a qual se configuram as formas: tanto formas estéticas como formas subjetivas.” (Trecho extraído do Texto: Formação, Estética, Saber, Subjetivação, Contemporaneidade de Cyntia Farina) 

Caixas, guardados... revelam minhas caixas de alegrias, amigos e afetos, trabalhos realizados, conquistas alcançadas, obras de arte pessoais, o vestido bordado, a renda produzida - com a arte familiar - desejos realizados, lembranças que aquecem o coração, nos constroem para o enfrentamento do cotidiano, das mudanças, pois trazem a certeza de quem somos, dos desejos maiores e dos valores que cultivamos; plantamos o fortalecimento da família e vamos construindo novas caixas; reais e emocionais, para poder vivenciar e guardar momentos de prazer e alegria.

Brincovo

Brincovo é uma construção de um território irreal; um território que dá passagem ao imaginário, o mundo da infância e do brinquedo, que apesar de irreal reporta um tempo real. Traz para o hoje, o tempo de ontem, com tamanha realidade que provoca experiências capazes de afetar, tocar, emocionar o subjetivo do ser. Uma imagem que surge a partir da memória, um território novo, que no reviver é capaz de transformar o olhar para realidade do hoje.
 
“Um território dá trânsito às intensidades que circulam e constituem a realidade. Mas, às vezes, essas forças são de uma natureza tal, ou atravessam um território com tal velocidade, que o fazem oscilar, provocando pequenos ou grandes desmoronamentos. A esses processos de desmoronamento totais ou parciais do território Deleuze e Guattari chamaram desterritorialização. E ao processo de voltar a constituir um território depois do abalo sofrido pela invasão das forças, chamaram reterritorialização.” (Trecho extraído do Texto: Formação, Estética, Saber, Subjetivação, Contemporaneidade de Cyntia Farina).

            Brincovo traz alegria, lembra a importância do limite, de adulto que deve marcar as fronteiras do certo e errado na infância. A importância das fronteiras demarcadas na constituição do sujeito, para que estes possam exercer a sua cidadania na vida adulta, ou mesmo, tornar-se adulto, responsabilizar-se por suas ações com o outro e com a sociedade. Brincovo, tempo de brinquedo, de alegrias e limites, com adultos presentes, corrigindo, orientando, sendo modelos, na constituição do sujeito. Brincovo: tempo feliz!

domingo, 26 de junho de 2011

Plantas: afetos e subjetividades.


Olhar, admirar plantas de um jardim que tenho construído ao longo de uma década com o auxílio especial de um irmão: José Carlos. Carinho e atenção que chega através da ajuda na organização do canteiro, na poda da planta ou mesmo na muda de lugar buscando uma melhor distribuição estética.
Outra muda veio de outra irmã muito especial: Antoninha , irmã mais velha (irmã só por parte de pai) presente ao longo de minha existência, a quem devo muitas vivências boas, desde a lembrança de ser a sua aia no casamento, até os churrascos nos finais de semana e as festas de Natal.

As plantas que colocamos em nosso jardim falam um pouco dos outros, um pouco de nós, enfim das pessoas que nos ajudam a construir o nosso canto como espaço de aconchego e felicidade.

Termino no pé de goiaba, revela as origens familiares... o gosto e os saberes herdados das tias maternas: a chimia, a geleia,  a goiabada e doce da casquinha. Mas, sobretudo, o afeto e a segurança que estas pessoas representam: irmãos, primos, primas e tias. Família extensa -  porto seguro - para enfrentar todas as diversidades. As plantas trazem a presença de vocês na minha vida, e quando nelas observo a visita de uma borboleta lembro os que já se foram ou simplesmente o cuidado de Deus.

Balneário Pinhal uma cidade temática.



 Balneário Pinhal, município localizado no Litoral Norte do RS, há uma distância de mais ou menos 100 km da Capital,  conta com uma população de 11.517 habitantes, no período de baixa temporada; e, na alta temporada recebe em torno de 40 mil visitantes e veranistas. Seus  administradores tem investido no cuidado e a criação de monumentos para caracterização da cidade como Capital Estadual do Mel. Assim encontramos em diversas partes da cidade abelhas ornamentais que indicam caminhos, sinalizam prédios públicos,  ou simplesmente enfeitam a cidade e encantam as crianças.
Uma cidade que se destaca pelo cuidado com a sustentabilidade e a inclusão social. Buscando uma administração moderna que visa, sobretudo, o bom atendimento do cidadão. Enfim, uma administração pública que realiza, faz parcerias, busca a promoção da qualidade de vida para a coletividade. Acolhendo a todos que aqui chegam sejam como visitantes, veranistas ou moradores. “Uma praia de amigos.”





Universidade Aberta do Brasil – UAB

Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Escola de Administração
Especialização em Gestão Pública Municipal
Disciplina Elaboração e Avaliação de Projetos




TAREFA: Introdução ao Tema Desenvolvimento Local
ALUNA: Neusa Maria carvalho


            O presente texto apresenta um resumo dos conceitos de desenvolvimento local, a partir de uma pesquisa na internet, como um fenômeno que resulta das relações humanas. São as pessoas que fazem o desenvolvimento. Assim, o desenvolvimento depende do sonho, do desejo, da vontade, da adesão, das decisões e das escolhas das pessoas, enfim, da existência de protagonismo por parte dos atores locais.
            O Brasil apresenta, atualmente, cerca 82% de população urbana, distribuída em cerca de 5.600 municípios - unidade básica de organização política, econômica, social e cultural, pois segundo a Constituição de 1988 os municípios, são Entes autônomos, capazes de decidir a construção da qualidade de vida do cidadão, através de políticas pública cofinanciadas pelo Estado e pela União. É pelo dinamismo e visão das lideranças – empresariais/ políticas/comunitárias - que o município ou a cidade vai programar ações que busquem o desenvolvimento local, com foco sistêmico e amplo visando, conjuntamente, o desenvolvimento global.
            Dentro da concepção de desenvolvimento local, trazida por Sérgio C. Buarque, no Material para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e técnicos em planejamento local e municipal - Projeto de Cooperação Técnica INCRA/IICA - PCT – INCRA/IICA:

“Desenvolvimento local é um processo endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vidada população. Representa uma singular transformação nas bases econômicas e na organização social em nível local, resultante da mobilização das energias da sociedade, explorando as suas capacidades  e potencialidades específicas. Para ser um processo consistente e sustentável,o desenvolvimento deve elevar as oportunidades sociais e a viabilidade e competitividade da economia local, aumentando a renda e as formas de riqueza, ao mesmo tempo em que assegura a conservação dos recursos naturais.”


Neste enfoque, estamos falando em desenvolvimento local, como processos de desenvolvimento, que ocorre em espaços sub-nacionais, sendo que, no Brasil, na maioria dos casos, tais espaços são municipais ou microrregionais (envolvendo certa quantidade de municípios de uma micro região, dentro de uma mesma unidade federativa); como, por exemplo, a divisão das regiões por COREDES utilizada no RS. Estas dimensões  territoriais dos processos econômicos são essenciais na busca da compreensão do desenvolvimento de uma cidade ou de uma região. Particularmente, no sentido de acompanhamento das iniciativas do desenvolvimento para o nível local, que aproxima a decisão do espaço onde o cidadão pode efetivamente participar, enfrentando em particular a “marginalidade urbana” ou a exclusão sociocultural que tem se transformado no grande desafio para a sociedade atual. Esta “fratura social” vem se tornando uma forma dominante de manifestação da nossa tragédia social; explicitando-se na sociedade contemporânea como um transbordamento de violência e patologias, individuais e coletivas, desafiando todos os Entes Federativos para o enfrentamento, em busca de melhoria do bem estar das pessoas, como caminho de sustentabilidade planetária.
Friedmann coloca com força a compreensão de que além da regulação empresarial e da regulação governamental, existe um processo de regulação crescente na base da sociedade, a partir do local onde as pessoas vivem na linha do que chamou de “participatory governance”. “Um desenvolvimento alternativo é centrado nas pessoas e no seu ambiente, mais do que na produção e nos lucros. Da mesma forma que o paradigma dominante aborda a questão do crescimento econômico na perspectiva da empresa, que é o fundamento da economia neoclássica, um desenvolvimento alternativo, baseado como deve ser no espaço de vida da sociedade civil, aborda a questão da melhoria das condições de vida e das vivências na perspectiva do domicílio”.
Desta forma, ponto-chave emergente, é a iniciativa, o sentimento de apropriação das políticas, que são devolvidos ao espaço local, onde as pessoas podem participar diretamente, pois conhecem a realidade, e a escala de decisão coincide com o seu horizonte de conhecimento. É neste espaço local que acontece ou não a constituição do sujeito como cidadão: um ser capaz de pensar e agir na busca do crescimento pessoal em harmonia com o crescimento da coletividade.


O desenvolvimento local está associado, normalmente, a iniciativas inovadoras e mobilizadoras da coletividade, articulando as potencialidades locais nas condições dadas pelo contexto. Como diz Arto Haveri, “as comunidades procuram utilizar suas características específicas e suas qualidades superiores e se especializar nos campos em que têm uma vantagem comparativa com relação às outras regiões” (Haveri, 1996).- Material para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e técnicos em planejamento local e municipal - Projeto de Cooperação Técnica INCRA/IICA - PCT – INCRA/IICA.

Por isso, precisamos estimular nas comunidades a criação de espaços de condições para o desenvolvimento local, buscando a melhoria do nível educacional, o desenvolvimento do capital humano, criando condições para que as pessoas possam tomar iniciativas, assumir responsabilidades, inovar, enfim, desenvolver atitudes empreendedoras. Abrangendo, desta forma, as múltiplas dimensões do desenvolvimento local: econômica, social, cultural, ambiental e físico-territorial, político-institucional e científico-tecnológica que mantêm umas em relação às outras, um relativo grau de autonomia. Essas dimensões surgem no processo de desenvolvimento local, em comunidades que cultivam: democracia participativa; organização popular; desconcentração territorial; redistribuição da terra; ambiente equilibrado e produtivo; priorizar a produção nacional; independência e pertinência tecnológica; soberania alimentar; cooperativismo; trabalho não dependente; cultura local; igualdade de gênero; comunicação livre e alternativa.

Concluo, com a certeza de que podemos fazer muitas coisas, mas o básico, o fundamental, é o fortalecimento do processo democrático e o empoderamento do cidadão, com ações que busquem: gerar renda, multiplicar o número de proprietários produtivos, elevar o nível de escolaridade da população e aumentar o número de organizações da sociedade civil. Democratizando, assim, o acesso aos bens culturais e naturais do planeta, descentralizando recursos, gerando pertencimento e fortalecimento das comunidades, resultando numa construção de identidade das cidades, focando o trabalho em parceria, com a negociação dos conflitos, definição de ações conjuntas, através de uma reeducação política e gestão participativa, onde as pessoas assumem ações de solidariedade concreta, em busca do bem comum.







Fontes de Consulta:

Textos da internet:

·         O Desenvolvimento local e racionalidade econômica - Ladislau Dowbor - Fevereiro de 2006;

  • Desenvolvimento local -Territórios, redes e desenvolvimento;
  • Mais definições em trânsito - DESENVOLVIMENTO LOCAL - Carolina Santos Petitinga;
  • Aproximações ao enigma: O que quer dizer  desenvolvimento local? – Francisco de Oliveira;
  • Metodologia de Planejamento do desenvolvimento local e municipal sustentável - Material para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e técnicos em planejamento local e municipal - Sérgio C. Buarque – Economista.


Reflexões, sentimentos e saudades...


Ao olhar a janela do meu quarto observo minhas plantas, hoje, em especial o pé de manga, nascido das sementes desta fruta que minha mãe tanto gostava. Penso na Vó Tetê – Therezinha Lima de Carvalho, falecida no ano de 2009, aos 78 anos de idade.
 A Dona Tereza do Seu Manequinha... A Dona Tereza do armazém... Minha mãe. Foi trabalhadeira, benzedeira, enfermeira, professora, comerciante... Mulher determinada no sentido de buscar o melhor para os filhos. Penso que mãe não morre, volta para junto do Pai e permanece viva nesta existência através dos filhos, dos netos e bisnetos que deixou. Deixou amigos conhecidos, pessoas que ajudou com seus cuidados e saberes.
Neste texto relembro seus ensinamentos, a ajuda para cuidar e criar os meus três filhos. Nos últimos nove anos de vida nos ensinaste muito, vítima de um AVC, presa numa cadeira de rodas, conversava com os olhos sempre com brandura e paciência, sempre olhar tranquilo. Sempre amada e querida.
Depois que fostes embora eu e a Tia Nina ainda esquentamos a águas para tua higiene, nos lapsos de memória, ainda busquei pelo olhar os produtos que comprava especialmente para ti. Hoje ficou saudade... Não dói...  A fé nos dá a certeza de que voltaste para a grande Luz de onde vieste.  Que possas nos auxiliar onde o humano não alcança... Obrigada pela tua estada conosco, pela vida que nos deste, pelos saberes e valores... Enfim por aquilo que somos. Que sejas muito feliz na tua nova morada, pois com certeza hoje és Tereza Luz.


      Este texto onde falo da minha mãe, apresenta muito da minha subjetividade e angústias, como uma ferramenta, onde reflito sobre os seres humanos, para pensar na evolução da humanidade, seus relacionamentos intra e interpessoais; podendo inclusive rever o axioma: o homem é um transformador de energia e termos da alquimia, que foram retomados por Freud, onde verificamos a insistência no fato de existência de energia no homem, sujeita a transformações dentro do ponto de vista em que a vida começa com energia. 
        Pensando nas grandes fases da vida do ser humano:nascimento, infância, adolescência, juventude, maturidade , velhice e o término desta com a morte. A morte é o término da vida do indivíduo, segundo a tese da morte definitiva como fim da evolução individual; porém segundo a tese da sobrevivência parcial: podemos acreditar na sobrevivência física, ou na sobrevivência biogenética, ou na sobrevivência psicosociológica, ou na sobrevivência psicoemocional. Assim, de acordo com esta linha de pensamento, de alguma forma contribuiremos para formação, desenvolvimento e evolução de outros seres humanos através de nosso trabalho, de nossa própria existência
.
"O self é o princípio, dentro de cada um de nós, que nos faz superar os desequilíbrios da dualidade própria da percepção do ego, onde o homem é um potencial, uma grande semente que precisa se abrir, crescer, desabrochar: em suma atualizar o self, o seu ser interior; tomando plena consciência de si mesmo e de sua unidade com o universo." (WEIL,1991, p. 126)

Esta riqueza de idéias nos ampliam a consciência e importância do dia de hoje, do fazer diário, pois dele depende a amanhã, meu enquanto indivíduo, mas de toda coletividade, pois enquanto humanos estamos interligados. Mas isto tudo é muito louco!
 Por isso, mais uma vez agradeço a existência de minha mãe e a minha própria existência, que procuro - dentro do meu possível - entregar ao Criador a cada dia.

Fonte de Consulta:

WEIL, Pierre Giles. As fronteiras da evolução e da morte: os limites de transformação da energia no homem. Petrópolis, Vozes,1991.

sábado, 25 de junho de 2011

A Função do brincar

          A criança que não teve um bom vínculo inicial com sua mãe, não teve as condições iniciais básicas para o seu desenvolvimento psíquico, cognitivo e afetivo, pois é através do espaço de confiança que se estabelece entre o bebê e a sua mãe na fase inicial do desenvolvimento, que a criança pode atingir o estágio de individuação, à medida que retém em sua memória um acervo de experiências positivas e negativas, gratificantes ou não, desenvolve sua capacidade de suportar certa dose de frustração, criando um espaço para estabelecimento das funções simbólicas, fruto de suas fantasias conscientes e inconscientes. É um ambiente continente e acolhedor que proporcionará à criança condições para lidar com seus impulsos agressivos e amorosos. É nesta troca afetiva e amorosa que se constituirá com ser humano. Portanto: “Neste percurso irá integrando pouco a pouco aspectos de si mesma e do outro em sua personalidade. Este é um processo constante e contínuo, dualístico, no sentido de que sentimentos contraditórios com relação a si e ao outro fazem parte de sua estrutura psicológica”. (SCOZ,1992, p. 48)
            O brincar na infância possibilita o resgate de espaço inicial, desta forma a criança pode sentir, viver e reviver toda a experiência inicial de relação, consigo e com o mundo exterior, sendo então possível o desenvolvimento do conhecimento e a sua inserção na cultura de seu tempo.
            Segundo Winnicott (1966, apud Duarte, 2001, p. 88) o brincar exerce funções relevantes:
Para ele: 1º as crianças  têm prazer em todas as experiências de brincadeira física e emocional; 2º a criança aprecia concluir que seus impulsos coléricos ou agrassivos podem ser expressados sem o retorno do ódio e da violência do meio para com ela; 3º as crianças brincam para dominar angústias, controlar idéias  ou impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados; 4º as personalidades infantis evoluem através de suas próprias brincadeiras e das invenções de brincadeiras feitas por outras crianças e por adultos; 5º a brincadeira fornece uma organização para as relações emocionais, propiciando o desenvolvimento de contatos sociais; 6º a brincadeira, o uso de formas e artes e a prática religiosa tendem, por  métodos diversos, mas aliados,à unificação da personalidade. As brincadeiras servem de elo  entre a relação do indivíduo com a realidade interior e entre o indivíduo e a realidade externa ou compartilhada. As brincadeiras, tal como os sonhos, servem à função de auto-revelação e de comunicação com nível profundo, inconsciente.

            Ainda, nos estudos do mesmo autor (1975), encontra-se referência sobre a importância do brincar para criança como forma de resolução de problemas emocionais que fazem parte do desenvolvimento infantil, o que torna fundamental o espaço do brincar no trabalho educativo e na intervenção terapêutica, no sentido de ajudar a recuperar o desejo, a autonomia no exercício da inteligência, para um desenvolvimento sadio e criativo, onde o sujeito possa descobrir um modo real de existir, de relacionar-se consigo, com o outro e com o meio.

Trecho do Trabalho Monográfico apresentado à  FAPA/POA como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopedagocia Clínica e Institucional - aluna Neusa Maria Carvalho - ano 2003 - professor orientador Pedro Canísio Standt.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

A dança dos pinguins

Olhar a harmonia dos animais que dançam e sincronia, lembra o paradoxo da dança dos espaços escolares, crianças que correm, chegam afoitas por conhecimentos, trazem um mundo novo dentro das mentes, dominam aparelhos tecnológicos... e parece que encontram uma escola "mofada", em outro ritmo, sem brilho, professores cansados da sobrecarga de trabalho... a Lei do Piso Nacional traz esperança... esperança de valorização de uma carreira... um novo tempo para a escola pública com um professor que possa ser aprendiz... com mais tempo para dedicar-se a pensar novas metodologias... buscar novos formas de prender atenção das crianças  e promover aprendizagens. Que possamos pintar novos quadros! Que tenhamos crianças e professores mais sincronizados nos espaços escolares, ambos aprendentes e ensinantes. É no encontro que a aprendizagem acontece. Imitemos a sincronia da dança do pinguins!

Reflexões sobre humanidade.

            Pensar a obra "Jardim da Infância" nos remete a um olhar sobre nossa chegada neste planeta, quando ganhamos a vida do Criador, através do encontro de amor ou "descuido" de dois seres humanos adultos, que  desta forma perpetuam a sua passagem nesta dimensão, pois trazemos genética e emocionalmente um pouco daqueles que nos geraram. As crianças chegam nesta existência com todas as possibilidades para tornarem-se seres humanos capazes de conviver em harmonia e construir um sociedade equilibrada, justa e sustentável. Através do processo educativo aprendem a normas e os valores que devem perpetuar. A escola é o espaço institucional responsável pela transferência da cultura e das normas. 
          Na obra citada encontramos mobiliários sucateados, mas com uma organização circular, que lembra que um dia alguém sentou para um diálogo de construção. Nossos espaços hoje com será que se encontram? Será que estamos sentando para dialogar? Os estudantes encontram em nós referências de valores? 
            Que nossos espaços escolares sejam espaços de diálogo e crescimento, que possamos lembrar um ao outro a cada dia que nascemos para felicidade, que a promoção da cidadania coletiva depende do fazer de cada um. Cada um de nós pode ser o primeiro a consertar ou puxar uma cadeira para que aconteça a abertura para o diálogo. Precisamos nos construir todos os dias enquanto humanos, isto é fundamental para a continuidade do humano em nosso planeta.
         
 **** Relendo este texto resolvi acrescentar um parágrafo para reforçar a importância dos nossos espaços escolares e do encontro entre educando e educadores no processo de humanização dos seres humanos, segundo o autor Jung Mo Sung no livro Educar para reencantar a vida, somos seres naturais e culturais, somos organismos com capacidades simbólicas, de forma que somente nos realizamos plenamente como humanos pela cultura e na cultura. "O ser humano se torna livre exatamente neste processo de se distanciar da natureza, de tomar distância do domínio dos seus instintos, e de utilizar a capacidade de diferenciar entre o certo e o errado, não somente em função da sua própria sobrevivência, mas também a partir  da noção do bem e do mal que foram descobertos ou criados na interação social." (página 33).

Arte com reciclagem



"A complementaridade entre os espaços educativos das organizações sociais, das diversas políticas
sociais públicas e da escola será positiva se novas e ricas oportunidades puderem ser oferecidas às
crianças e aos adolescentes. Nesse sentido o direito à educação não pode restringir-se à garantia do acesso formal." 
Citação extraída da apostila do Curso PRADIME - Sala Ambiente - Materialização da Materialização da Educação Pública Municipal: 
Atores e Cenários Para Uma Educação com Qualidade Social


O boneco reciclado nos mostra as possibilidades de reconstrução e criação de novos espaços e metodologias para promover aprendizagem e cidadania - um trabalho realizado pela equipe do Centro de Referência da Assistência Social - CRAS do distrito de Magistério - Balneário 
Pinhal/RS, sob a coordenação da senhora Telma Miranda.
Parabéns aos trabalhadores do CRAS que fazem deste espaço um lugar de cuidado e desenvolvimento das crianças e da família como um todo!

Educação e Infância


A tarefa de educacional delegada às instituições escolares pela família, conforme  concepção da legislação atual: Constituição de 88, Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB e demais Diretrizes Educacionais vigentes, passa por uma capacidade de a instituição escolar atender a todos, buscando estratégias para harmonizar as diferenças entre os pares e diferenças familiares para que seja possível a inserção da criança na cultura de seu tempo, de forma que possa desenvolver-se interagindo com o meio; transformando-se, adaptando-se e, por outro lado, sendo agente transformador da cultura social local e global.
 Os Estudos Culturais enfatizam uma permeabilidade entre as instituições, destacando a forma envolvente pela qual a pedagogia cultural está presente na vida de crianças e jovens, não podendo ser simplesmente ignorada por qualquer teoria contemporânea do currículo. Ampliando a gama de matizes e formas que complexificam o currículo escolar e a tarefa educativa dos dias atuais. “O que caracteriza a cena social e cultural contemporânea é precisamente o apagamento das fronteiras entre instituições e esferas anteriormente consideradas como distintas e separadas.”
O currículo é visto muito além de uma grade curricular e lista de conteúdos, pois ele é aquilo que a sociedade deseja preservar, permitir, possibilitar, expandindo as perspectivas que o restringem as legadas pelas categorias tradicionais; de forma que todo conhecimento dependa de significação, e esta significação dependa das relações de poder. “O currículo é um aparelho ideológico do Estado capitalista. O currículo transmite a ideologia dominante. O currículo é, em suma, um território político.”
Neste enfoque trazemos o conceito da autora Shirley de “kindercultura” denominação dada para a indústria cultural voltada para o público infantil. Onde podemos pensar nos instrumentos de formação da identidade infantil, a partir de personagens do mundo do cinema, do mercado tanto da indústria de brinquedos, quando da indústria do vestuário, como da indústria de alimentação, buscando a compreensão dos comportamentos da infância (normalidades e patologias) e das dificuldades encontradas pelas instituições educativas como um todo, bem como, da ação individual do educador  no desenvolvimento de suas atividades e interação com o sujeito criança e com a família.
            Nas obras de Platão, que tratam sobre educação, as crianças são pequenos seres a serem educados, para que se tornem adultos; em outros autores – Rosseau e Kant – encontramos a concepção de “adulto em miniatura”, “adulto em potência” - seres que se transformarão pela educação. Então, percebemos a partir dos Estudos Culturais que as representações de infância construídas pelo mundo adulto estão estreitamente entrelaçadas com o contexto sócio cultural de cada grupo e de cada comunidade. Sendo as disciplinas escolares criadas a partir da cultura, não uma cultura na concepção elitista, uma cultura do belo, mas uma cultura de relação de poder e de manutenção da ordem social vigente, estabelecida como padrão da sociedade.
            Assim, se queremos buscar o desenvolvimento da tarefa educativa dentro do que chamaríamos de função primordial da educação – ser feliz como sociedade e como indivíduos - precisamos estar atentos à cultura local das comunidades, bem como da cultura e modelos sociais, transmitidos e inculcados através das Tecnologias de Comunicação, do modelo de consumidor e de consumo, onde a criança passa a internalizar valores capitalistas e de mercado, esquecendo-se de sua essência humana, bem como dos valores essenciais para convivência social e sustentabilidade das próximas gerações.
Fontes de consulta:
Textos de leitura obrigatória da Disciplina Estudos Culturais - Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação: Espaços e Possibilidades para a Educação Continuada – Modalidade a Distância – CPEaD - Pólo de Apoio Presencial de Balneário Pinhal/RS.